quinta-feira, 17 de março de 2011

Cronica Da Bailarina Apaixonada.


I
Calidos cálices eu beijei,
com as doses mais amargas,
mais assíduas em sua rispidez, que,
antes já previam sua displicencia de menina desvairada, mas, não se culpe, branca bailarina.
Há uma protuberancia em sua insanidade,
algo que salta e releva os lances já seguidos,
Os passos já executados.
-

II
Numa tarde abafada, em meio a novas plantas, e, cores confortantes,
ela deitou-se sobre garrafas antigas, esquecendo dos aplausos,
observando o novo teto de seu engenho velho, e novo...
Observou também meus passos calmos até aquela varanda amigável!
Quase lhe inspirei a uma nova dança.
E embriagada de qualquer coisa anestesiante,
Olhou-me, tropega já de martírios, em plena luz do dia,
com os olhos mais cansados, e com a cor mais animadora...
Pareceu-me que suas sapatilhas apertaram o âmago todo.
-

III
Olhou-me e disse: Sente-se, vou falar-lhe!
Pasmodico me foi o momento,
pois ficastes sã em meio segundo.
Disse-me:
Como eu poderia invadir seu universo encantador,
se eu nem se quer o mereço, e, sei o que falo,
pois sei quem sou...
Hoje não bebo pela bebida, menos ainda pelo sabor,
eu bebo pelas dores, e, esses arfares incertos de minha vida!
-

IV
Eu sujei minhas mãos,
pois segurei as palavras da moça, da atriz, até da bailarina.
Perfurei sua alma flácida por dores, e disse:
Se não fossem seus olhos tropegos, cegos pela vida,
se não fossem seus lábios sempre umidos, como favos,
e, vermelhos como o brilho purpuro de meus olhos secos,
se não fossem seus sorrisos salientes, seguidos das piadas na ponta da língua,
que aprendeu esbanjando risadas em bares da cidade alaranjada,
se não fossem até mesmo suas dores, seus deslizes, suas cicatrizes...
Suas falhas incríveis sobre este palco,
Escute bem, bailarina, se não fossem suas mãos, desajeitados e firmes,
segurando suas garrafas, e,
travadas quando querem algo sobre mim escrever,
Simplesmente se não fosse você,
apenas por ser,
Não haveriam meus poemas, nem este momento...
E aqueles sorrisos completos de esperanças,
estariam perdidos no espaço, querendo encontrar seu lugar,
Se não fosse você, iria eu sonegar o amor que consumiu antes de me sentar.
Ates de seu convite insano não só aceitar, mas também corresponder.
-

V
Não se esqueça:
Não precisas ser coadjuvante de sua própria vida.
Não precisas esquivar-se de todos os torpores,
nem de todos os amores...
Eu permanecerei em sua varanda,
convencendo-te, como no dia a beira mar, com o vento a meu pedido,
a te abraçar,
ficarei para mostrar-te que vale tentar!
Só peço que não chantageie um ego feito o meu,
plácido, mas, se corrompido, inflamado, ele explode...
-

VI
Os ares estão calmos,
as ruas vazias, a lua escondida...
Os calores já consomem mais um peito,
porém, os ares estão calmos,
e os calidos cálices,
agora estão vazios.
Pode olhar no espelho,
não há mais olheiras pregada em face tão fúnebre,
os ares estão calmos!
Desamarre seus peito,
desaperte seu âmago enjaulado.


Andrea Kirkovits.

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