terça-feira, 9 de abril de 2013

Noite de Cão.

Choque de realidade, de verdade.
Não por força de expressão,
foi de verdade!
E a fidelidade?

Gotas que se perderam na noite,
tão salgadas quanto a mesma.
Fatalidade essa dor me embriaga
lentamente.

As palavras foram ditas assim,
sem mais e sem menos.
Sem saber dos motivos e das reticencias.

Então a raiva tomou conta de mim,
me transformando; como quando
uma tempestade invade os mares.

Me vi só numa noite de cão,
com calor no frio.
Querendo o cigarros, as ervas
penetrando os ares, os etílicos
educados, que nos traspassam bêbados.

Me vi emanada da ausência de palavras:
isso foi o que mais me doeu.
Me senti como aleijada.
Vulnerável, surda, muda e doída.
Não pude se que me dar o luxo
de uma xícara de café.

Tive a dura certeza de uma noite de cão,
onde o dia seguinte seria projetado aos
meus amigos imaginários: meus personagens
preferidos, que dormem em gavetas e mesmo
assim me dão a alegria de lê-los sem pestanejar.

E eu ali, depois da onda de choque,
dormi de soslaio, vencida pelo cansaço,
pela dor do abraço, que não tive.

Me senti podre, feito estatua.
Senti minha imunidade ser posta
ao chão frio na casa estranha..

E nada mais!
Dormi pelo cansaço e
fui acordada pela tristeza.


Andrea Kirkovits





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