sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Céu intimo.

Às vezes, me consome essa dor que é 
adicionada ao poço de minh'alma,
gota por gota!

Alguns tem dor por saber, por ser,
por querer, por sentir, por perder...
Eu a tenho por não saber, 
que me assusta...
Tudo que eu sei é efêmero demais
ou sólido demais.

A realidade que me tange é áspera...
Na mente, toco com o cheiro:
Sinestesia que acalma.

Os bares são deveras asquerosos, 
impregnados pela malícia...
Mas eu permaneço lá,
afinal, eu quero saber!
E qualquer trevo de súbita realidade
me faz escrever.

A luz é tênue,
pois a mente se acende aos poucos
e é nela que escrevo melhor,
por que qualquer faísca já revela o céu
cheio de luzes incandescestes,
e delirante, me deito sem saber...

Fico ali, estonteada e maravilhada:
me lembro da mocidade na avenida.

Eu quase que morria de aflição e saudade
Mas despercebida, e com naturalidade,
ela me surge na porta
e os pilares a colocavam numa moldura:
era sim a descrição do amor.

Andrea Kirkovits
  

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

constando.

Em Mim Também

Em mim também, que descuidado vistes,
Encantado e aumentando o próprio encanto,
Tereis notado que outras cousas canto
Muito diversas das que outrora ouvistes.
Mas amastes, sem dúvida ...
Portanto,
Meditai nas tristezas que sentistes:
Que eu, por mim, não conheço cousas tristes,
Que mais aflijam, que torturem tanto.
Quem ama inventa as penas em que vive;
E, em lugar de acalmar as penas, antes
Busca novo pesar com que as avive.
Pois sabei que é por isso que assim ando:
Que é dos loucos somente e dos amantes
Na maior alegria andar chorando.


Olavo Bilac