terça-feira, 27 de setembro de 2011

Deixe Me Aqui.

Eu que já não vejo mais por pupilas alheias,
e descarto tantos semblantes empoeirados por malevolência,
que o ser humano é muitas vezes tão medíocre e
dissimulado que até este já sabem disfarçar em meio sua
engenhosidade!

Eu não quero mais o palpitar de sussurros
de opiniões sobre as minhas conclusões passageiras ( pois quem na verdade algo sabe ou anseia saber, nunca afirma: eu sei! Permanecerei em extensiva duvida, fundada de saberes sentidos.)
Deixe me leiga mesmo – que pode ser – pois assim eu
estarei mais pura e livre de sentimentos desnecessários
para poder sentir como nenhum dos que julgam, poderiam.
Poderei eu sentir cada vez mais o resplandecer do
amor em meu peito inebriado de paz.
Poderei eu colher as flores - primaveril.

Não quero mais caminhar por entre bosques obscuros
de incertezas.
Deixe me aqui, com meus livros de antanho.
Com meu corpo, mesmo que cálido, é vivo.
Com meu rosto, mesmo que serio, apaixonado.
Deixe me aqui, com o silencio de meus versos
e com a melodia da caneta acariciando o papel...
Pois não quero mais caminhar em teu bosque
que floreia de esperança por minha presença.

Abaixe tua espada, que eu não vim lutar.
Retire as escoltas, que eu não vou mais lhe exaltar.
Aquele tempo já passou, e meus versos são agora calmos.
Tenho nas mãos a formula que
me leva e que eleva a fusão do existir com o amor.
Nada mais quero, pois
o que me proporcionastes foste desassossego.

Quero eu apenas o tilintar das folhas em meus ouvidos,
e o som da caneta roçando um papel...
Quero observar, calma, a exatidão do vôo das andorinhas.
Quero eu a certeza que já tenho
que só encontro na luminosidade dos olhos dela,
certeza clara, que nem mesmo cega poderia duvidar!
Quero estudar a semântica gestual deste ser...

Deixe me aqui,
que a deveras,
as orquídeas na janela já murcharam,
o teu bosque é de arquivo morto.
Mas guarde as fotos,
por que sincera sempre fui.
Não ostente o desejo de mais, não o faça.
Deixe me aqui,
que eu já não acredito através de pupilas alheias.
Além dela,
são meus livros,
que eu conheço e não se camuflam.
Além deles, minha exatidão está na face
de estradas a serem desvendadas...
Com um objetivo apenas,
e é frutífero o que vejo e
não flores secas.


Andrea Kirkovits

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

xx

O esforço é parcialmente
o consumo da alma,
materializando-se em
tentativas...
O inebriante é que
nisto de se falar de alma,
eis a fonte inesgotável
de energia...
É este combustível
da essência:
A esperança,
que sustenta toda
e qualquer ação humana,
que culmine em boa intenção.

Andrea Kirkovits

20.09.11

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Ela.

Do que eu mais sinto falta?
Sinto falta dela.
Como se, e não é exagero, faltasse uma parte minha.
E é tão verdade, que nem eu acredito, mas também não desacredito ( é como se fosse um milagre ).
E é daquelas faltas que dói:
" e de tão lindo, me dói ".

Eu sinto falto do cheiro,
cheiro de flores misturado com libido, juntos
numa efusão dinâmica!
Isso, dinâmica! Por que só de lembrar, fico inquieta...
A pulsação fica total desassossegada.

Do que eu sinto falta?
De quando eu podia observa-la indo até a sacada do quarto,
e acendia seu cigarro, dava uns quatro tragos,
e voltava,
vinha na direção de sua cama,
vinha na minha direção,
e eu sinto falta do sorriso que dilacerava seu rosto quando parecia
não acreditar que era dos seus lençóis que jazia meu corpo,
ansiando pelo seu.
Ah! Seus lençóis brancos, com cheiro das noites passadas.
Sinto falta daquele teu sorris, alegre e claro, que me sorria!

Sinto falta das suas expressões!
Adoro aquela de quando está confusa por causa de algo,
Me lembra a feição de uma criança, quando deseja colo...
Adoro quando eu fico olhando para seus lábios,
E quando ela me percebia - fortuitamente - ,
levanta descaradamente uma sobrancelha... ( você quer ? )
E minha mensagem na areia, é totalmente apagada pela sede
de saliva...

Do que eu mais sinto falta??
Mais falta?
De quando ela me chama de amor e eu pergunto:
O que foi, vida?
E ela se limita a me dizer:
Nada. Eu só queria saber se ia me responder!
E então me abraçava como se eu fosse fugir, como se eu pudesse!
Eu também sinto falta de sentir falta de mim,
Mas ela me basta e isso também já basta.


Andrea Kirkovits

domingo, 11 de setembro de 2011

xx

Me lembro de uns tempos,
tempos de antanho...
Tempos em que fui convictamente devota
ao desmerecedor,
mas o ser humano é um bicho fraco e que rapidamente,
cria rancor, mas não refiro a mim...
Pois a minha pessoa, o que resta agora é o antagonismo,
um olhar frio e devassador.
Sim! Um olhar que te atravessa,
e de minh'alma doce de poeta,
nunca mais saberás tu!

De lembranças difusas,
muitas já sem forma,
em minha mente só em silhueta na neblina
de meus pensamentos, fez-se vossa imagem.
Malevolência: Eu te acusei!
E essas lembranças metódicas,
elas não são escusáveis.

Cansada das emoções supérfluas,
sentei-me no carcere de uma montanha...
E a visão dos picos,
eu sei que é mais dolorosa - é a verdade por inteiro e necessária -
Observei a dança das folhas, sendo gentilmente acariciadas pelo vento,
Observei a terra respirando constantemente...
Toquei tropega, o véu roxo azulado, que veste as noites e
que cobre o mundo nas noites, de pura beleza.

Respirei junto da terra,
pois já de peito aberto,
no carcere, no ápice,
Já não estou envolto da sua dor;
E então do pico do mundo, da verdade mais clara,
como filha do mesmo, assim como ele, feita de matéria,
a terra gentilmente me abraçou e
eu me joguei....
Foi o sono mais profundo.

Andrea Kirkovits






segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Amo.

Amo por que te amo,
sem controvérsias, sem rodeios insanos de ' nem me quer, mal me quer '.
A minha poesia agora é tão simples,
e eu sei bem disso!
Mas a simplicidade é um dos ápices do
ser humano em sua existencialidade.
E sei também que simplicidade exige muito esforço,
é uma questão de se entregar...
E o ser humano sempre cobiça dinheiro,
cobiça luxuria e sexo farto...
Come até se cansar... Gula sem pensar...
Mas eu,
Eu simplesmente amo por que te amo, e,
me alimento desse verbo, Amar.
E amo sem brechas!
Tome meu tempo e se farte dele!
Tome meu tempo,
por que agora ele é seu.
Tome meu tempo, que é o que eu tenho de mais precioso!
Fique com tudo que quiser,
pois já me destes tu, mulher...
Me destes teu amor, teus beijos balsâmicos!
Falou-me de tua alma também,
do enleio dos teus desejos.
Ah, teus desejos tão similares e compatíveis com os meus.
Não muito o que dizer, Deus de Escarlate!
Só que te amo por que te amo, e,
que amar, em Si, já viver...
O viver mais simples,
e como dito:
a simplicidade exige dedicação e entrega!
Como me vejo em você.

Andrea Kirkovits.